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Detentores de saber e profissionais da cozinha mineira reúnem-se em evento em Belo Horizonte

Plano de salvaguarda foi apresentado e validado pelos presentes durante audiência pública


Em 24 e 25 de outubro, o Instituto Periférico realizou no auditório da UNA - Campus Aimorés, em Belo Horizonte, o evento “Café com prosa: promoção e salvaguarda da cozinha mineira”. Durante os dois dias de encontro, interessados em ampliar os conhecimentos sobre o tema debateram, participaram de painéis, aulas-shows e degustações, além de trocarem experiências com palestrantes e detentores de saberes relacionados à cozinha mineira.


No primeiro dia do seminário, houve apresentação do dossiê que embasou o pedido de registro dos sistemas culinários da cozinha mineira como patrimônio cultural imaterial de Minas, apresentação de experiências, como o turismo rural e influência Bantu na culinária mineira - esse último com a chef Kelma Zenaide -, debates sobre ações de salvaguarda e empreendedorismo.


Também participaram dos painéis no primeiro dia de evento a diretora de Proteção e Memória do Iepha-MG, Débora Raíza, a diretora de Marketing e Promoção Turística da Belotur, Marina Simião, a chef e professora Rosilene Campolina, a gerente de Patrimônio Cultural Imaterial do Iepha-MG, Nicole Batista, a coordenadora técnica estadual de Turismo e Artesanato da Emater-MG, Thatiana Garcia, a turismóloga Cássia Coppo, os doceiros Luiz Fortes e Edu Tijolo, e o produtor de queijo, Osvaldo Martins.

Durante a programação, o plano de salvaguarda foi oficialmente apresentado pelo Iepha, avaliado e validado pelos presentes, que fizeram contribuições.


O primeiro dia do evento também contou com momentos saborosos: um café inspirado nas quitandas mineiras, um café quilombola e uma degustação de azeites inesquecível. Vanessa Bianco, administradora de empresas, professora e olivicultora, apresentou a degustação guiada dos Azeites Gamarra.


Novos debates e cozinha-show


Na quarta-feira, dia 25, o “Café com prosa” reuniu mais especialistas nos painéis e nas experiências oferecidas pela programação. As palestras passaram pelo turismo de base comunitária, pela importância dos festivais gastronômicos para promoção e preservação da cozinha mineira e pelas orientações técnicas direcionadas às gestões municipais e ao cuidado com o patrimônio cultural.


Com debates importantes e trocas de experiências, foi possível perceber um avanço nas ações para preservar e valorizar a nossa cultura alimentar. A programação também contou com uma aula-show com a professora e chef Rosilene Campolina e um almoço preparado pelo chef Reinaldo Mendes. Nos dois momentos, a cozinha mineira foi o centro das propostas.


Chef Rosilene Campolina durante a aula-show. Foto: Felipe Muniz

Quem também participou dos painéis no segundo dia de programação foi o gerente de Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Gerdau, Bruno Castilho; a superintendente de Fomento Cultural, Capacitação e Municipalização da Cultura da Secult-MG, Janaina Silva, as mestras Maria Ubalda e Maria Aparecida Coelho; o produtor cultural Guilherme Sanzio; o secretário municipal de Cultura e Turismo de Paracatu, Igor Diniz; o agente de turismo Leidson Nunes; e a diretora de Promoção do Iepha-MG, Alessandra Deotti.


De acordo com a diretora-presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, esse é mais um momento de diálogo sobre a cozinha mineira e os caminhos para preservá-la a partir do seu registro como patrimônio, com foco em políticas públicas para promoção e salvaguarda dos sistemas culinários já registrados.


Gabriela Santoro, diretora-presidente do Instituto Periférico. Foto: Felipe Muniz/IP
“É uma alegria para o Instituto Periférico entregar esse evento. Nós estamos cuidando do patrimônio afetivo da cozinha mineira e transformando esse patrimônio afetivo em Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Minas Gerais, garantindo seu reconhecimento e a sua importância, contribuindo para sua salvaguarda e para a promoção desse bem, que é composto por uma cadeia enorme de processos, produtos e detentores de saberes. Foi um desafio muito grande desenvolver esse dossiê. E é um desafio ainda maior, uma missão gratificante, dar continuidade a esse projeto e contribuir para essa perpetuação da nossa cozinha”

Sobre os próximos passos desse projeto, ela garante que é muito importante democratizar o acesso ao dossiê. “A gente quer ampliar momentos como esse, para que possamos falar e discutir um pouco sobre o conteúdo desse dossiê, pois é importante que isso chegue à ponta, que os detentores de saberes possam reafirmar sua legitimidade para falar das suas práticas. Por isso, junto com os órgãos governamentais e com as entidades privadas, queremos criar mais oportunidades para que esses detentores tenham seu saber reconhecido, principalmente no contexto de promoção da identidade, tanto para o fortalecimento do território regional, ativando rotas turísticas, culturais e fortalecendo empreendedores, mas também para uma promoção pensando em visibilidade nacional e internacional que nossa cozinha pode ter”.


Para a coordenadora do projeto Cozinha Mineira Patrimônio, Luciana Praxedes, “o evento foi uma oportunidade única para debate sobre perspectivas essenciais quando se fala da cozinha mineira, como o papel dos povos originários e a presença africana na constituição de diversos sistemas culinários presentes em Minas Gerais”.


Debora Raíza, diretora de Proteção e Memória do Iepha-MG, falou sobre ações de salvaguarda: “o registro abre possibilidades para ações de preservação, inclusive de municípios, que, por exemplo, podem pontuar no ICMS para receber recursos para preservação do patrimônio”.


O “Café com prosa” contou com apoio da Frente da Gastronomia Mineira, da Abrasel, da Emater, do Sebrae e da UNA, além de cooperação técnica com o Iepha-MG.

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